domingo, 8 de setembro de 2019

Praxe - Sim ou Não?

Na minha opinião, sim. Pelo menos experimentem. Não se deixem enganar. Final de Agosto e início de Setembro não são os mesmos sem a televisão (e basicamente, quase toda a gente das relações dos vossos pais) passar o tempo todo a mostrar a "seita maléfica" que é a Praxe. Como quem se veste de negro só está ali para vos encher de álcool e depois rir disso, ou algo pior. Como estão só a avisar os pais preocupados para não perderem os seus filhos para este flagelo. E quem me conhece sabe como tudo isto me enche de raiva. Porque a maioria das pessoas nestas conversas fala do que não sabe.

Estou desde o meu primeiro dia na faculdade a tentar mudar essas mentalidades pois, visto que eu PASSEI pela praxe, sei em primeira pessoa o que é e o que acontece, sei exactamente que não e nada disso que descrevem. Casos como esses ou como o Meco não são praxe. Como estudante de Jornalismo, sei que muitas vezes a imprensa exagera e usa do sensacionalismo para vender e influenciar a opinião pública. Sou criticada e insultada, e até já fui fisicamente atacada por pertencer à Praxe e trajar de negro. Mas sou feliz assim. De notar que esta é a minha experiência e a minha opinião.

A Praxe nunca vai ser obrigatória. Começa e acaba quando o desejas. Mas não posso deixar de te aconselhar a ir, pelo menos, aos primeiros dias. Humilhações, palavrões, faltas de respeito e preconceito não são praxe. A Praxe é, tal como qualquer actividade académica, feita de pessoas, e há bons e maus praxistas. E os maus praxistas não merecem que se chame praxe ao que fazem, pois transformam-na noutra coisa que não deveria ser: buylling.

A Praxe tem códigos e regras para assegurar a integridade física e psicológica dos caloiros e de todos os participantes e a partir do momento em que essas regras são desrespeitadas não é praxe. Qualquer caloiro tem o direito de dizer que não bebe (como eu fiz) ou que alguma coisa vai contra as suas convicções e valores e por isso não faz. Se já somos adultos para viver sozinhos, tirar a carta de condução ou trabalhar, também o somos para saber dizer "não".

A Praxe trouxe-me as minhas pessoas, amigos para a vida, uma família fantástica e uma madrinha que mesmo quando deixarmos a FLUC sei que se vai continuar a desdobrar em mil para ver os afilhados bem e felizes. E isso nunca teria acontecido se não tivesse andado na praxe com a minha t-shirt branca e a mochila rosa às costas a conhecer recantos da cidade enquanto fazíamos jogos e cantávamos as músicas. Não bebi uma única pinga de álcool em momento algum e isso sempre foi respeitado. Fomos respeitados em tudo e não senti qualquer preconceito devido a religião, sexualidade, orientação política e afins. Aliás, senti-me o oposto: segura para ser eu mesma. Nunca me senti inferiorizada ou rebaixada.

Para mim vale pelas pessoas, pelos momentos e pelos ensinamentos. Pelo orgulho que tenho na minha capa, em todos que ela representa e nesta academia irreverente. E sim, sou insultada, não pelos meus doutores, mas por quem não compreende este amor e orgulho.

Por isso só posso dizer, experimentem. Sejam felizes a berrar pelo vosso curso sem roupinhas chiques e maquilhagem elaborada. Sorriam quando lavam as mãos nas fontes e correm de mãos dadas com os vossos novos colegas. Permitam- se estar com o cheiro a relva na t-shirt e vivam esta ponte entre a meninice e a idade adulta como se acabasse dali a umas horas. Vejam o que vos faz ou não gostar da VOSSA praxe. Para mim foi das melhores coisas que vivi na faculdade. E repetia tudo outra vez. Porque como diz a música das FANS "Vida de Caloira": "Eu quero mais, fazer palhaçada como os animais/Cantar pelas ruas, marrar e zurrar/Não deixem o segundo ano chegar!"


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